A experiência nos diz que a felicidade ou
se compartilha ou se perde, porque nenhum ser humano consegue ser feliz
sozinho. Isso implica convivência, a difícil arte da boa convivência. Acontece que, em geral, cada um espera, senão
tudo, pelo menos noventa por cento dos outros, parecendo-lhe ainda muito
pesados esses dez por cento que põe de sua parte.
Não é de hoje que o ser humano busca o
segredo de um relacionamento feliz, em sua maioria, as pessoas não sabem por
que a felicidade lhes escapa das mãos, não valorizam pequenos gestos,
supervalorizam pequenos problemas fazendo-os enormes e com toda essa
complicação de detalhes tão simples e que deveriam ser facilmente
descomplicados, acontecem os afastamentos.
A solução, no entanto, sempre está próxima,
normalmente dentro das próprias pessoas, e, quando a encontram, a vida pouco a
pouco se transforma.
A boa convivência depende de “uma série de
coisas e de fatos que se entrelaçam" e se desmancha se esquecemos a causa
que deu origem ao sentimento.
Isso reside em que ninguém quer dar a outro
o que tem, porque considera que o que tem é melhor do que o que lhe falta e o
outro tem. É neste verdadeiro labirinto de cotizações dos fragmentos humanos
onde se encontra a maior causa de todas as dissensões e, por sua vez, de onde
parte a equivocada posição de todos os seres humanos, sem exceção, que se
poderia definir com uma só palavra: incompreensão.
No início de uma relação normalmente não
está estabelecido um laço devidamente estreito e ainda temos a opção de
escolher quem vai entrar na nossa vida. É muito bom quando alguém entra na
nossa vida trazendo soluções, coisas boas e estabilidade, rapidamente fazemos
questão de chamar tudo isso de “Nosso”. Mas e os problemas, as dificuldades e as
instabilidades?
Estes também não passam a serem “Nossos”?
Isto se agrava ainda pelo fato de que nós,
por momentos, compreendemos uma coisa e, depois, manifestamos ignorá-la ou não
compreendê-la; e não havendo segurança nas ações, não perdurando o que deve ser
permanente permitimos que a desconfiança e a descrença se estendam como algo
contagioso no pensamento e em tudo que nos cerca.
Mas há mais ainda: muitos emprestaram ou
deram ao semelhante o que a este faltava e a eles sobrava, mas depois, por qualquer
circunstância voltam a tirá-lo, deixando-o outra vez, se não mais incompleto,
pelo menos desprovido dessa peça que lhe era tão necessária. E assim vem
caminhando a humanidade: dando e tirando, cheia de certezas incertas, de
avaliações irrelevantes, da falta de propósitos e da ausência de sentidos sem
nunca chegar a completar-se.
Pessoas que amam de verdade firmando e
reafirmando seu sentimento como constante manutenção de um objetivo não são
muitas. A decadência de valores relacionados à consciência dos pseudo-novos
tempos faz com que cada vez mais as pessoas cresçam aprendendo que o que vale é
estar “bem” não importando como, com quem ou a que custo.
Um dos mais básicos princípios do amor é
que somos todos pessoas absolutamente erradas na busca de outro que de igual
forma esteja disposto a nos aceitar exatamente da forma que somos sem que isso
jamais seja fruto de relevâncias na manutenção da união. A vida é sacrifício e
só com sacrifícios, ao fim de tudo, teremos a sensação de ter vencido e de realmente
ter feito tudo valer a pena. Tudo vem há seu tempo, mas nosso maior erro é
achar que o tempo e tudo mais sempre estão contra nós.
Nas plantas, flores e frutos têm seu tempo,
umas mais cedo outras mais tarde. Fazendo uma analogia à vida humana, veremos
que apesar do tempo e do curso natural, o plantio pode estar sendo feito em um
solo de pouca propensão, o que debilita, sufoca e pode matar a planta. Quando
isso acontece o que se tem a fazer é mudar o tratamento. Enriquecer o
substrato, mudar a irrigação, buscar melhorias e não simplesmente arrancar e
jogar fora, pois o feio, pequeno, fraco e sem brilho vegetal de hoje, se
tratado com amor, dedicação, paciência e vontade certamente ainda será um ser
do qual nos orgulharemos.